8 cavalos disputando uma corrida louca entre si.
400.000 apostas, repartidas entre 10.000 espectadores. Nada de especial, o que sempre se fez algures pela Inglaterra ou outros países anglo-saxónicos. Ganhou o Holy Blazer, um cavalo médio educado numa medíocre escola de Sussex, mas apoiado por uma forte equipa médica, algumas doses de eritropoetina e anabolizantes.
Próxima corrida: 4 cavalos e uma mula. Entre os cavalos encontramos diferentes perfis, diferentes valias, diferentes tendências nas apostas:
Cavalo 1: caracterizado pelo seu brilhantismo e desenvoltura intelectual. Um cavalo cheio de potencial, mas que atrai poucos apostadores, talvez por questionar todo o sistema de apostas, obtenção e distribuição de ganâncias e liderar o movimento de sindicalização de cavalos de corrida e cavalos livres. 5/100
Cavalo 2: autodidacta, líder de um sindicato de cavalos que perde cada vez mais elementos devido a alguma anacronicidade ideológica que ainda não detectou. Tem o mérito de ter escalado toda a hierarquia sindical, desde cavalo obreiro de base até líder do sindicato. 5/100
Cavalo 3: cavalo poeta, sempre corre com o coração posto numas quaisquer linhas de um qualquer livro perdido na gloriosa biblioteca de Alexandria, lido numa qualquer ocasião após os festejos de uma qualquer data. 15/100
Cavalo 4: auto-intitula-se um grande cavalista, um cavalo de visão global e com sensatez. Um diplomata à boa moda francesa, com presunção qb. É o cavalo com mais primaveras, mas que mantém uma invejável lucidez. 25/100.
Mula: a velha bicha dopada, a raposa do asfalto ("do deserto" já tinha dono, um quase irmão). Anos antes da "Grande feijoada Fairy sobre a ponte", organizou o bailado "Quebra-nozes" nesse mesmo local: centenas de bailarinos das forças da ordem a distribuir panfletos entre os espectadores. A cultura no seu expoente máximo. Na mesma linha de programação cultural, veta a candidatura da obra de um futuro Nobel ao prémio literário Europeu. Por fim, (ir)responsável pelas melhores aplicações dos fundos comunitários; criador do conceito "obra que se vê (asfalto) é melhor que obra a decorrer (educação e formação)". Com um set de 30 foguetes impulsionados a jacto, é o vencedor anunciado. 50/100
Para terminar, pode ser que as apostas sobre as eleições nacionais introduzam um novo dinamismo económico ao país. Se formos capazes de eleger os políticos de risco (na perspectiva da saúde), e Deus Misericordioso Allah tiver a pertinência de os abraçar rumo à morte, então poderemos introduzir no país um ritmo alucinante de eleições, capazes de fazer saltar os índices económicos pela via do "gambling".
E, queridos apostadores, nem nesse aspecto será a mula a melhor opção.