Querido Papá Pedro,
Espero que ao leres estas linhas te encontres bem e de boa saúde. Eu, embora não perguntes nem queiras saber, não estou nos meus melhores dias ( e sabes que eu não sou de me queixar ). A semana passada tentamos fugir e fuzilaram o Azaef, o Musraaf e o Ibn Battutta. A mim colocaram-me na solitária a beber mijo de bode e a comer bolachas vieira. Tem sido dificil porque as bolachas, como são de água e sal, dão sede.
Mas voltando a ti, ainda és um bem sucedido empresário no ramo dos curtumes? E as tuas actividades de rotário? Quando fazia bolas no Paquistão, e as enchia com bocados do Comércio do Porto e via a tua fotografia, o meu coração ficava preenchido como as 400 fifa 1986 que cosi à mão e em ponto cruz, mas cheio de dor como quando estas eram pontapeadas à bruta pelo butragueno.
Os outros meninos diziam que se eu estava ali era porque tu me tinhas vendido, mas eu não acreditava neles e contava-lhes o que me disseste quando me entregaste ao Lopo, o cigano romeno, naquele cruzamento no Marquês: "vais passar uns tempos num campo de férias".
Agora vou ter que enfiar este bocadinho de papel ( desculpa o cheiro a feze ) nesta garrafa de sucol e esperar que o oceano te a leve até ti...
Do teu filho Pepito,
Guantanamo, 16 de Março 2007.
Do teu filho Pepito,
Guantanamo, 16 de Março 2007.
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