Fragmento # 1
Lembro-me de ter medo de ver o vídeo do "Thriller", lembro-me dos meus Pais terem o maxi-single ( pois o single estava esgotado) e lembro-me de um dos meus melhores amigos da altura, o Mitó, idolatrar o Michael Jackson como um deus. Lembro-me de festas ao som dos cerca de sete singles ( quando os discos tinham 10 faixas) retirados do "Thriller". Lembro-me do lançamento do "Bad" como um acontecimento mundial com honras de primeiro canal depois do jantar. Antes da internet, num outro mundo, à cerca de 25 anos atrás...
Fragmento # 2
Há quatro anos atrás, eram cerca de 3h00 da noite de São João. Estava na já famosa varanda do Rádio, dando seguimento ao set iniciado pelo Rodrigo Affreixo. A primeira música que escolhi foi o "Billie Jean". Na rua acima ia a passar uma multidão enorme. De repente, um dos transeuntes pára, os restantes fazem uma meia lua e ele começa a dançar. Um daqueles momentos que narrados é piroso mas presenciados é sublime. Acredito que, se tiver que indicar um só momento, o maior momento de todos os momentos passados no São João, esse será a minha escolha. E apenas o "Billie Jean", com a sua batida, com a voz a entrar mais tarde do que era habitual na pop da altura, apenas todo um golpe de génio era capaz de fazer o tempo parar, de transformar uma festa, um acontecimento, num pedaço de história.
Michael Jackson merece ser recordado como intérprete, músico, compositor e dançarino. Como o autor de "Billie Jean". Como um dos maiores de sempre. Merece ser recordado por momentos em que só os realmente grandes, como diria o bardo português: "da lei da morte se vão libertando"...